Uma Barbie com Wi-Fi que conversa com as crianças pode não chegar às lojas segundo o jornal britânico The Guardian.
Anunciada como a primeira boneca interativa em uma feira em Nova York,
nos Estados Unidos, a Hello Barbie utiliza uma tecnologia de
reconhecimento de voz similar a da Siri, da Apple, e do assistente de
voz Google, o Google Now, para compreender o que a criança está dizendo.
E, mais do que isso, para fazer a Barbie responder à criança.
As
capacidade interativas da Barbie são responsabilidade de uma startup
dos Estados Unidos chamada ToyTalk, que recebe e interpreta as conversas
gravadas antes que o programa de respostas pré-programadas rode dentro
da boneca. Os dados são armazenados para respostas futuras segundo
explicou a empresa.
O brinquedo se conecta a internet via Wi-Fi e é capaz de compreender e responder a padrões de linguagem natural complexas. A boneca pode responder a perguntas desenvolvidas a partir de dados recolhidos em conversas prévias com a criança, tais como "o que eu deveria ser quando crescer?". Em uma demonstração gravada em vídeo, a boneca sugere que a promotora poderia ser uma dançarina ou um político porque disse anteriormente gostava de palco, ou um "político dançante".
Antes de a boneca ser utilizada, os pais devem criar uma conta e concordar com várias políticas de privacidade. O brinquedo só ouve o filho depois de que um botão é pressionado, levando-o a fazer uma pergunta. O áudio gravado é criptografado antes de ser enviada pela internet. De acordo com a política de privacidade do ToyTalk, a empresa compartilha gravações de áudio com terceiros que "ajudam no reconhecimento de voz" e que esses terceiros podem manter todos os dados relacionados com esses arquivos salvos.
Privacidade das crianças em jogo
Segundo advogados consultados pela reportagem do The Guardian a maior preocupação é com os dados enviados para empresas terceiras, gravações com informações que podem revelar a intimidade das crianças. "Se eu tivesse um filho pequeno, ficaria muito preocupada que as conversas íntimas do meu filho com a boneca estivessem sendo registradas e analisadas”, disse a professora Angela Campbell da Faculdade de Direito da Universidade de Georgetown.
Na demonstração da Mattel, a Barbie faz, de acordo com os advogados, perguntas cujas respostas demandam uma grande quantidade de informações sobre a criança, seus interesses e sua família. E esses dados possuem grande valor para os anunciantes e poderiam ser erroneamente usados pela empresa para comercializar produtos.
"As crianças que
brincarem com a Hello Barbie não estão apenas falando com uma boneca,
elas estão falando diretamente para um conglomerado de brinquedos cujo
único interesse é financeiro", disse Susan Linn, diretora-executiva da
Campanha por uma Infância Livre de Comerciais. O grupo está tentando
impedir a venda do brinquedo, programado para chegar às lojas no Natal.
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