terça-feira, 29 de julho de 2014

Tiririca é planta, ele não é dono do nome. Vamos para a briga', diz candidato

 

Após o furação Tiririca nas últimas eleições, que rendeu o título de deputado mais votado da história ao humorista, uma leva de sete novos Tiriricas busca neste ano uma fatia do sucesso do deputado para conquistar cargos nas esferas federal e estadual pelo País. O exemplo mais claro entre eles é o também humorista Plínio Gaspar, de 40 anos, que copia o nome, jingle e os bordões “Abestado” e “Menino lindo” para angariar votos do eleitorado de Goiás.

Questionado pela reportagem se não temia uma provável impugnação por homonímia, Gaspar rebate: “Tiririca é uma planta, ele não é dono do nome. E, qualquer coisa, vamos para a briga. Mas não terei problemas. O partido liberou.” Imitador há pelo menos 20 anos, o candidato a deputado federal pelo PSL se orgulha dos 20 personagens que apresenta em shows de humor. Representar o Tiririca dentro e fora dos palcos, no entanto, é o que lhe dá mais orgulho.

“Sou fã número 1 dele”, explica. E por que não unir o amor ao trabalho aos novos anseios políticos? Essa é a filosofia de Plínio, que garante que não perderia tempo tentando concorrer com o nome de nascimento. "Não conseguiria chamar a atenção suficiente [do eleitor]. Sei que vou ganhar muito votos de protesto e pela fama dele. Mas, política você ganha com duas bandeiras: a ‘doidera’ ou dinheiro. E eu sou doido mesmo”, disse ele na segunda (27).


Os outros seis candidatos Tiriricas estão espalhados pelo Brasil. Todos reconhecem a inspiração no humorista, mas ao contrário de Gaspar, escolheram nomes diferentes para exibir nas urnas. São eles: Tiririka das Alagoas (PT/AL); Tiririca do Amapá (PPS/AP), Tiririca do Amazonas (PSDC/AM); Jajá Tiririca (PHS/MT), Suboficial Ademar Tiririca (PTC/MS) e Tiririca de Aracaju (PRB/SE).      

“Agora por Goiás”
E a carona na fama do verdadeiro Tiririca está dando certo em Goiás. Gaspar conta que – após vestir a fantasia, ajeitar a peruca loira e ir às ruas – é facilmente confundido com o original. “Quando você olhar a minha foto vai entender. O pessoal está achando que o próprio Tiririca vai se candidatar por Goiás”, conta o político cover, sem esconder sua satisfação com o engano.

Com o slogan Se você está cansado, vote no Abestado, o humorista estampa o material de campanha com a frase Tiririca 1777, agora por Goiás, o que só estimula a confusão dos eleitores já que o humorista “original” disputa a reeleição pelo Estado de São Paulo.
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A similaridade entre Gaspar e Tiririca vai além do personagem caricato. O candidato repete o discurso do político em 2012 e confessa não ter definidas as suas propostas. “A política está uma palhaçada, mas quando eu for eleito vou ficar sério e ter boas ideias. 

Como dizia o Tiririca: ‘Quando descobrir, te conto’.” Mas ele promete lutar pelos rodeios, exigir a redução da maioridade penal e apoiar “várias coisas que a gente tem que votar a favor”.

 O candidato acredita que sua campanha não trará problemas ao Tiririca por não interferir no seu eleitorado. O humorista poderia até agradecê-lo, segue o raciocínio do candidato por Goiás, por propagar o personagem no Estado. “Se um dia ele tentar ser presidente da República, pode contar com Goiás. Ele poderá até me agradecer”, conclui aos risos.

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“Ele é uma fraude”
O advogado Walber de Moura Agra, diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Constitucionais (IBEC), explica que candidatos homônimos são proibidos pela Justiça Eleitoral. E ainda prevê que o candidato será impugnado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).
“O juiz de Goiás deveria vetá-lo porque ele é uma fraude. Se o candidato busca induzir o eleitor ao erro, é para impugnar”, defende. A explicação de Gaspar sobre tiririca ser uma planta não o livraria de uma punição. A fama do verdadeiro humorista transformou a palavra em nome próprio, define o especialista, o que inviabilizaria seu uso.
Procurado pelo iG, o TRE-GO respondeu por meio de sua assessoria que o caso será analisado pelo relator da candidatura. Porém, o órgão reforça a fala de Agra dizendo que candidatos homônimos estão sujeitos a punições. Até a publicação desta reportagem, no entanto, o tribunal não divulgou o seu posicionamento.

ig.com.br

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