Ozzy Osbourne já foi mais acessível. O ingresso para um dia do Rock in Rio 1985 (foto), quando ele estreou no Brasil, custava 10% do salário mínimo de outubro de 1984, menos da metade dos 48% necessários para ver o vovô metaleiro no Monsters of Rock 2015, que ocorre em São Paulo em abril.
A coisa não mudaria muito se o retorno de Ozzy ao Brasil neste ano fosse por meio do Rock in Rio. Os ingressos para a edição 2015 do festival idealizado por Roberto Medina saíram por R$ 320 na pré-venda, ou 44% do salário mínimo que vigorava em novembro de 2014.
Tampouco seria significativamente diferente se o palco escolhido fosse o do Lollapalooza. Um dia de evento custa hoje R$ 340 - ou 43% do salário mínimo, aproximadamente a mesma média das três edições anteriores (2012 a 2015).
Outro termômetro para a evolução do preço dos ingressos de espetáculos musicais internacionais no Brasil - onde não há uma base de dados publicamente disponível -, são as apresentações dos ex-beatles Paul McCartney e Ringo Starr.
Em 1990, o show de Paul McCartney no Maracanã (foto) - sua primeira vez no Brasil - teve o ingresso mais barato a Cr$ 200, conforme o arquivo do jornal Folha de S.Paulo, ou 7% do salário mínimo. Em 2014, quando Paul se apresentou no Morumbi, a entrada mais em conta custou R$ 220, ou 30% do piso vigente à época.
Um dos motivos para o encarecimento dos ingressos para ver os grandes nomes da música internacional - sugerido por esse índice-Ozzy-Paul-Ringo de preços de entradas - é que, à medida que esses artistas se tornaram clássicos, seu público se tornou mais velho e mais rico, aponta Pascal Courty, professor-associado da Universidade de Victoria (Canadá) que pesquisa o mercado de espetáculos musicais.
"Os preços aumentaram bastante até os 2000 [nos Estados Unidos] e aí se estabilizaram", afirma Courty. "Uma boa razão é que o público das principais bandas ficou mais velho e tem mais dinheiro."
Em média, uma pessoa que está nos 60 e tantos de Ozzy ganha em média cinco vezes mais do que alguém que tem 18 ou 19 anos, de acordo com dados do Censo de 2010, feito pelo IBGE.
Outra boa razão é o aumento geral da renda. Segundo Courty, os ingressos costumam ser mais caros onde há mais dinheiro e, de 1995 a 2013, o rendimento médio do brasileiro subiu 30%, já descontada a inflação, segundo dados do IBGE (o instituto não possui informações que permitam uma comparação precisa entre a renda da década de 1980 e a atual).
E, embora mais da metade da população brasileira (53,3%) ainda tenha de se virar com uma renda de até 1 salário mínimo, essa fatia recuou em relação ao início dos anos 1990, quando atingia quase dois terços (62,5%) de população com 10 anos ou mais.
"Agora, nos últimos 20 anos, os
preços dos ingressos cresceram mais rapidamente [que a média dos
preços]. E o aumento da renda não pode explicar isso. Então, o público
dos concertos mudou. Ficou mais velho e mais afluente", ressalva Courty
para o caso norte-americano.
É isso, e também a lei da oferta e da procura, que fazem com que mesmo shows de artistas novos e com público mais jovem possam ter, atualmente, ingressos relativamente mais caros do que os de Ozzy, Ringo e Paul há décadas atrás.
A entrada mais barata para ver o jovem britânico Ed Sheeran (foto) no Espaço das Américas em 24 de abril custa R$ 200, ou 25% do salário mínimo (ante os 22% do ingresso para um dia de Rock in Rio 1 em 1985), mesmo valor cobrado pelo Foo Fighters, que toca nesta sexta-feira (23) no Estádio do Morumbi. Ambos farão apenas um show em São Paulo neste ano.
O terceiro motivo apontado pelo pesquisador é
que "as bandas não fazem mais dinheiro vendendo música". Como disse
David Bowie em uma entrevista em 2002 ao jornal "The New York Times" -
citada por Alan B. Krueger, ex-chefe dos conselheiros econômicos do
presidente dos EUA, Barack Obama, em texto de 2013 - , "a música vai ser
como água ou eletricidade", por isso os artistas "devem estar
preparados para fazer um monte de turnês porque é a única situação que
vai sobrar".
É isso, e também a lei da oferta e da procura, que fazem com que mesmo shows de artistas novos e com público mais jovem possam ter, atualmente, ingressos relativamente mais caros do que os de Ozzy, Ringo e Paul há décadas atrás.
A entrada mais barata para ver o jovem britânico Ed Sheeran (foto) no Espaço das Américas em 24 de abril custa R$ 200, ou 25% do salário mínimo (ante os 22% do ingresso para um dia de Rock in Rio 1 em 1985), mesmo valor cobrado pelo Foo Fighters, que toca nesta sexta-feira (23) no Estádio do Morumbi. Ambos farão apenas um show em São Paulo neste ano.
http://on.ig.com.br/som/2015-01-20/ingresso-para-show-gringo-no-pais-vai-de-10-a-48-do-salario-minimo-em-30-anos.html
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