domingo, 18 de setembro de 2011

O carro do futuro já roda em Frankfurt



A edição passada do Salão de Frankfurt foi tomada por uma invasão de carros elétricos, novos veículos híbridos e até automóveis com avançados sistemas movidos por hidrogênio, considerados o supra-sumo do transporte limpo do futuro. Mas todos eles, sem exceção, estavam apenas “estacionados” nos sultuosos estandes das marcas no evento alemão, que é considerado o mais importante do mundo. Na mostra deste ano essas máquinas voltaram a ser apresentadas, mas desta vez funcionando pra valer.
O Salão de Frankfurt é enorme. São 11 pavilhões de exposição, cada com quase o mesmo tamanho do utilizado no Salão de São Paulo, como comparação. Por isso, nos dias de imprensa, é comum jornalistas se deslocarem pelo evento em carros cedidos pelas próprias marcas presentes no evento. As “caronas” deste ano ano, no caso, foram realizadas somente em veículos com propulsão alternativa. Bastava apenas acenar e um carro ecológico de baixa ou zero emissão imediatamente encostava e abria suas portas.
“Já percorri mais de 50 km nas imediações do evento e o ponteiro do combustível ainda não se moveu”, revelou o motorista a bordo do Citroën DS5 Hybrid, um dos carros verdes que o iG Carros pegou carona em Frankfurt. No percurso de volta o veículo foi um Mercedes-Benz Classe B Fuel Cell, um dos mais avançados da frota. “Esse carro mistura hidrogênio com oxigênio e como resultado gera eletricidade para o motor sem poluir”, explicou o condutor. 

A eletricidade foi o tema de grandes montadoras. A Mercedes-Benz, por exemplo, nomeou seu gigantesco estande (parecia um shopping) de Eletricity, ou Cidade Elétrica, numa tradução livre do inglês. Lá estavam o Smart Fortwo elétrico e o SLS E Cell, modelos alternativos e funcionais que em breve chegarão às ruas na Europa. “Este é o salão dos carros pequenos e ecológicos. É preciso novas alternativas de transporte de baixa emissão para ajudarmos a controlar a situação do aquecimento global”, apontou Dieter Zitsche, presidente mundial da Mercedes, durante a conferência da fabricante no evento.
Já a rival BMW apresentou sua inédita linha de carros ecológicos, o i3 e o i8. O segundo é um esportivo híbrido que já foi visto em outros salões como conceito. Mas é o i3 o mais interessante deles. Hatch elétrico, o modelo é também chamado de Megacity, uma proposta de veículo urbano que não polui. Eles servirão como teste para a BMW ampliar a estratégia que definirá sua atuação futura da montadora.
Outra marca ligada na tomada em Frankfurt foi a Renault. “Vamos lançar a primeira linha de automóveis elétricos do mundo ainda neste ano”, confirmou Jerome Stoll, vice-presidente de marketing da marca francesa, no evento se referindo às versões elétricas de Kangoo e Fluence e o excêntrico Twizy, um veículo para dois ocupantes essencialmente urbano. O trio será lançado na Europa no último trimestre de 2011, um de cada vez entre outubro e dezembro.
A moda híbrida pegou
Os carros híbridos já são realidade na Europa há mais de 10 anos - o Toyota Prius está por todos os lados -, mas na virada desta década eles ganharam ainda mais força enquanto o carro totalmente elétrico não é totalmente viável.
Frankfurt 2011 viu, por exemplo, o primeiro carro híbrido coreano de produção, o Kia Optima Hydrid. “Os europeus estão cada vez mais migrando para os carros híbridos. O mesmo movimento também está acontecendo em partes da Ásia e Estados Unidos”, apontou Young-Jong Seo, presidente mundial da Kia Motors.
Outras montadoras que enfim aderiram a tecnologia híbrida (motor a explosão auxiliado por outro elétrico) foram a Citroën, com o DS5 Hybrid, e a Audi, que entrou no segmento com os modelos Q5 e A8. Já a Toyota, pioneira no ramo ao produzir um modelo deste tipo em larga escala, otimizou o Prius, que agora pode ser ligado a rede elétrica doméstica para recarga das baterias - essa função antes cabia somente ao motor a explosão.
Conexão Frankfurt-Brasil
As tendência lançadas no Salão de Frankfurt deste ano, em especial as novas tecnologias, ainda têm um longo e turbulento caminho a percorrer antes de desembarcar no Brasil, mesmo sendo este considerado um ponto de extrema importância para as montadoras. Qualquer carro com motorização alternativa é automaticamente um potencial rival aos veículos flex. É uma questão que envolve política (influenciada por lobistas da indústria do etanol) e sobretudo preços. Não existe ainda no Brasil um carro híbrido por menos de R$ 120.000.
“O Brasil primeiro vai evoluir no campo dos motores a combustão interna. Acredito que em breve os sistemas de injeção direta de combustível chegarão aos carros nacionais”, contou Pedro Manuchakian, diretor de engenharia da GM do Brasil, ao iG Carros no evento alemão. O mesmo executivo, entretanto, não soube precisar quando os carros híbridos e elétricos terão mais força no país. “Ainda não há demanda”, afirmou.
Desta forma, o que resta ao país são os chamados “carros globais”. O principal deles é o Volkswagen up!, o novo carro popular da marca que deve chegar ao mercado nacional em 2013. Ainda assim, apesar de seu caráter universal, será um veículo bastante diferente do que será oferecido na Europa - por lá o carro já tem até versão com motor elétrico - o nosso certamente será 1.0 flex, possivelmente com um bloco três cilindros. E só.
De concreto mesmo para o Brasil, apenas o anúncio do retorno da Mazda ao mercado nacional em 2012. ““Não podemos ficar de fora do maior mercado da América do Sul e um dos maiores do mundo”, exaltou Takashi Yamanouchi, presidente mundial da marca japonesa.
Outros modelos “globais” presentes em Frankfurt 2011 que devem pintar no país são produtos da GM, como o Aveo e o novo Malibu, além de carros da Citroën (linha DS), Ford (novo Focus) e os novos motores TwinAir da Fiat, mais eficientes. No entanto, nenhuma das montadoras definiu uma data exata para a chegada dessas novidades. Nos resta ter paciência, pois o carro do futuro ainda vai demorar (muito) para chegar ao Brasil.

http://carros.ig.com.br/

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