Quantas cervejas você conhece que são capazes de levantar
uma discussão na mesa do bar apenas pelo nome? Pois essa é a proposta da
cerveja Feminista, idealizada por três publicitárias de São Paulo, do grupo 65 | 10 –
abreviação para a estatística de que 65% das mulheres não se
identificam com a forma como são retratadas na publicidade, e de que
apenas 10% dos criativos brasileiros são mulheres.
A ideia de criar a cerveja artesanal, do tipo Red Ale, surgiu após a polêmica propaganda de carnaval da Skol, que continha os dizeres “Esqueci o ‘não’ em casa”.
“O timing dessa propaganda foi ruim, porque já vêm
crescendo as discussões em torno do machismo e do estupro. E a gente
sabe que o carnaval é uma época em que o abuso dos homens para as
mulheres tende aumentar”, comenta Maria Guimarães, de 28 anos, uma das criadoras da Feminista.
Ainda
que as três não acreditem que houve má intenção por parte dos criadores
da propaganda da Skol, elas lembram que o publicitário tem de estar
preparado para todos os tipos de interpretações e se responsabilizar
pelo perigo que mensagens como estas representam para as mulheres.
“Faltou
a percepção de que uma mulher, que está em um bloco aproveitando o
carnaval, tem sim o direito de dizer ‘não’ para os abusos”, diz
Guimarães.A Skol reconheceu que a frase da peça publicitária dava margem para interpretações negativas e chegou a trocar as propagandas por outras mais politicamente corretas.
Cerveja já tem 3 mil encomendas
Em parceria com dois amigos que já fabricavam cervejas artesanais, Maria Guimarães, Thaís Sabre (32) e Larissa Vaz (25) começaram então a produzir a Feminista, com o intuito de levar a discussão sobre o feminismo “para mesa de bar, para o almoço de domingo com a família, para o happy hour do trabalho”.
O
interesse do público foi tanto, que em dois dias após o lançamento elas
receberam mais encomendas do que os amigos conseguiriam produzir. Agora,
com 3 mil pedidos feitos, elas estão fechando uma parceria com uma
cervejaria artesanal maior para dar conta de tanto sucesso.
Surpreendentemente, elas não receberam nenhuma ameaça por conta da iniciativa, como acontece com diversas defensoras do feminismo, e já planejam outras ações de conscientização dos direitos das mulheres e de como elas são retratadas na publicidade."Nós tivemos um feedback muito positivo e muita ajuda de agências conhecidas para não polemizar onde não tem que polemizar", conta Thais. "Isso só indica que a gente levantou uma polêmica que deveria ser levantada."
A Feminista, vendida em garrafas de 600ml por R$ 14, tem um tom avermelhado e tem o paladar maltado, levemente lupulado e com o final limpo. Para quem está interessado em adquirir a cerveja, basta fazer o pedido de encomenda no site oficial da bebida.
http://deles.ig.com.br/2015-03-08/cerveja-feminista-promete-levantar-discussoes-sobre-machismo-na-mesa-de-bar.html
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