quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Novo filme dos criadores de "Matrix" é confuso e tem diálogos constrangedores

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A principal prova do sucesso e do impacto de "Matrix" é que, passados mais de 15 anos e tendo lançado quatro filmes que vão do mediano ao péssimo, os irmãos Andy e Lana Wachowski conseguiram US$ 175 milhões (R$ 479,4 milhões) para fazer "O Destino de Júpiter", ficção científica que estreia nesta quinta-feira (5).

A boa-vontade do público e da crítica tentou encarar as sequências da saga de Neo e o filme "Speed Racer" como acidentes de percurso, pontos baixos na carreira de cineastas talentosos. A tarefa ficou mais difícil com o confuso "A Viagem", e agora não parece ser injusto dizer que o acidente, na verdade, foi "Matrix".

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"O Destino de Júpiter" marca a primeira vez que os Wachowski filmam uma história original (e não uma adaptação) desde que encerraram a trilogia que os alçou ao sucesso, em 2003.
Mila Kunis é Júpiter Jones, uma descendente de imigrantes russos nos Estados Unidos que ganha a vida limpando banheiros em Chicago. De repente, ela se vê perseguida por seres alienígenas contratados por três irmãos que pertencem a uma "família real" que controla o universo: Balem (Eddie Redmayne), Kalique (Tuppence Middleton) e Titus (Douglas Booth).

Todos querem Júpiter porque ela tem o mesmo código genético da matriarca do clã, uma semelhança (ou "recorrência", como diz o filme) que a transforma na rainha do universo e pode atrapalhar os planos dos irmãos de utilizar a população de planetas como a Terra mais ou menos como gado: eles "abatem" milhares de pessoas para criar uma espécie de poção que os mantém jovens e imortais há vários milênios.

Imagem do filme 'O Destino de Júpiter'
Em defesa de Júpiter está Caine (Channing Tatum), um misto de cachorro e ser humano que se movimenta pelo espaço com botas magnéticas.
É tanta informação que em certo momento a pobre garota pergunta: "Tem como isso ficar mais estranho?".

Resposta: tem. A bagunça de "O Destino de Júpiter" evoca quase todos os filmes dos Wachowski - o estudo sobre o tempo de "A Viagem", o visual frenético de "Speed Racer" e as metáforas políticas de "Matrix".

No novo longa, porém, as metáforas são reflexões pouco elaboradas sobre o mundo capitalista que busca lucro a qualquer preço, a exploração dos mais pobres pela elite e a disputa por bens naturais - no caso, o tempo, "commodity mais preciosa do universo".

Qualquer comentário inteligente se perde em um roteiro confuso e diálogos que provocam risadas involuntárias. Um exemplo: quando Júpiter se apaixona por Caine, ele recua dizendo estar mais próximo de um cachorro do que dela, um membro da realeza. E ela responde: "Eu amo cachorros. Sempre amei cachorros".

Mais um: Caine leva Júpiter à casa de Stinger (Sean Bean), ex-companheiro de luta intergalática, e um enorme enxame de abelhas começa a voar em torno dela. Stinger se ajoelha e começa a chamá-la de majestade. "As abelhas são geneticamente dispostas a reconhecer a realeza", explica. "As abelhas não mentem."

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