Mesmo o maior defeito de “O Homem do Futuro” tem uma importante função narrativa. Esse defeito poderia ser chamado de novelização do roteiro, ou seja, os personagens insistem em dizer coisas que poderiam ser (com um pouco de custo e cérebro) mostradas com imagens. Esse "didatismo forçado" é de extrema importância, quando precisamos, rapidamente, ser atualizados dos novos status de todos os personagens nas idas e vindas temporais, tornando o ritmo um bocado mais ágil.
No filme, um cientista, interpretado por Wagner Moura, faz uma última tentativa de criar uma fonte não poluente e eterna de energia. Mas ele acaba acidentalmente indo parar no passado, no exato ponto em que seria possível mudar toda a sua história. Ou seja, em vez de ser um fracassado, perdedor e solitário, se tornar um rico investidor, casado com a mulher dos seus sonhos. O problema é que mexer com o fluxo temporal, como nos ensinaram diversos filmes, livros e séries, não é tão simples assim.
E aí está um dos maiores méritos de “O Homem do Futuro”: as belas homenagens às outras narrativas que envolvem viagens temporais (o que indica que o diretor, Claudio Torre, de “A Mulher Invisível”, não pensa que inventou a roda). Seja logo na abertura, com o vórtice temporal que é idêntico ao da série britânica “Doctor Who”, seja em uma das viagens, em que o aparecimento lembra a chegada do “Exterminador do Futuro”, ou mesmo no fato de grande parte da trama se passar em uma festa de estudantes, como em “De Volta Para o Futuro”. E, forçando um pouco a barra, dá para reconhecer tanto no maquinário, quanto na desagregação das moléculas, ecos do Dr. Manhattan de “Watchmen” (que se não tem viagens temporais, ao menos lida com a percepção do tecido do espaço-tempo).
Para essas homenagens estão lá os efeitos especiais que, como gostam de dizer alguns incautos, “nem parecem de filme brasileiro”. E são extremamente bem executados, mesmo. Especialmente a já citada desagregação molecular, quando vemos o personagem de Wagner Moura, João “Zero”, desaparecendo daquele fluxo temporal.
O elenco todo, com exceção de Fernando Ceylão no papel de Otávio, o melhor amigo de “Zero”, está bem afiado. Maria Luisa Mendonça, Gabriel Braga Nunes e Aline Moraes se viram bem com o material que têm em mãos. Mas é meio óbvio que o filme é de Wagner Moura. Especialmente quando os três “Zeros” estão em cena: o jovem de vinte e poucos anos, o velho de quarenta, amargurado e ambicioso, e o terceiro, mais sábio, ‘criado’ pelas alterações temporais, que teme pelo futuro e respeita o passado. Cada um possui um tom de voz, uma postura corporal e intencionalidades que são diferentes, mas ainda assim são derivados de uma fonte comum. Poucos atores, ainda mais no Brasil, conseguem tal façanha.
O elenco todo, com exceção de Fernando Ceylão no papel de Otávio, o melhor amigo de “Zero”, está bem afiado. Maria Luisa Mendonça, Gabriel Braga Nunes e Aline Moraes se viram bem com o material que têm em mãos. Mas é meio óbvio que o filme é de Wagner Moura. Especialmente quando os três “Zeros” estão em cena: o jovem de vinte e poucos anos, o velho de quarenta, amargurado e ambicioso, e o terceiro, mais sábio, ‘criado’ pelas alterações temporais, que teme pelo futuro e respeita o passado. Cada um possui um tom de voz, uma postura corporal e intencionalidades que são diferentes, mas ainda assim são derivados de uma fonte comum. Poucos atores, ainda mais no Brasil, conseguem tal façanha.
É claro que um eventual detrator poderá acusar a questão de suspensão da descrença em relação a Moura não passar por um jovem de vinte anos nem aqui nem na China. A esses é importante lembrar que se você aceita que o homem viaja no tempo, a idade de Wagner Moura tem que ser o menor dos seus problemas.
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