Vendo os trailers, dá até para imaginar que "Círculo de Fogo" é sobre
robôs gigantes que foram criados pela humanidade para enfrentar
monstros igualmente enormes que estão invadindo a Terra através de uma
brecha no meio do Pacífico. Quer dizer, isso tudo está lá, mas não é
sobre isso que é o filme. Nem mesmo sobre as impressionantes batalhas
entre essas duas facções.
O que Guillermo del Toro, que estava sem filmar desde "Hellboy II - O
Exército Dourado", de cinco anos atrás, conseguiu construir foi uma
história de como a humanidade iria reagir a um ataque externo. É como se
todo o nosso mundo fosse Nova York depois do 11 de setembro. E ele não
poupa nosso lado mais egoísta, apesar de exaltar nosso lado mais
brilhante e, logo, mais humano.
Pilotos em conexão neural
A trama acompanha Raileigh Becket, papel de Charlie Hunnam, um dos
pilotos humanos que controla os Jaegers, como são chamados os robôs. Há
todo um drama envolvendo o fato dele estar afastado das batalhas que é
apresentado nos primeiros minutos do filme. Quando ele é chamado de
volta, para tentarem uma última e desesperada investida, já que a
humanidade vem sendo atacada com maior frequência e, pior, sendo
derrotada.
Não é exatamente fácil derrubar um bicho desses
O desafio de Raileigh envolve encontrar um parceiro à altura, já que
na interessante mitologia criada por Del Toro, os Jaegers não podem ser
pilotados por uma única pessoa. A descarga neural é pesada demais para
isso. A consequência direta envolve a necessidade de que os pilotos
estejam em sintonia e precisem, inclusive, compartilhar suas memórias, o
que garante parte dos desdobramentos emocionais mais interessantes da
trama. A tecnologia também é o grande trunfo do roteiro, a ser sacado em
um ótimo momento estratégico.
Hunnam como o piloto que precisa encontrar sua cara-metade
O trunfo maior do filme envolve a meticulosidade de Del Toro. Ele não
construiu uma trama, simplesmente. Mas todo um universo novo. Ele
pensou, meticulosamente, como uma sociedade se transformaria depois de
um ataque desses. E isso vai desde charlatões que vendem o pó dos ossos
dos Kaijus como afrodisíaco - como os monstros são conhecidos - até
seitas que acreditam neles como castigo divino. Isso sem falar nas
atitudes dos líderes políticos mundiais, que optam pela segregação
quando a resposta positiva claramente é a união e a cooperação.
Batalhas imensas
Mas, no final das contas, é um filme em que monstros e robôs se
atracam em uma batalha física. E isso é bastante impressionante. Del
Toro posiciona a câmera de forma que jamais esqueçamos a dimensão dos
confrontos. É a satisfação extrema daquela parte de nós que ainda tem
oito anos e adorava ver seriados japoneses como "Changeman" (ou "Power
Rangers", para as crianças dos anos 90). Especialmente quando a batalha
acontece na cidade.
http://www.pop.com.br/mundopop/cinema/Circulo-de-Fogo-e-o-lancamento-mais-humano-de-2013-983045.html
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