Parte da dicotomia do Oscar é que existe um prêmio para melhor diretor e outro para melhor filme. Eu, pelo menos, acho curiosa a ideia de que alguém possa ter feito a melhor direção, mas não tenha feito o melhor filme. Claro que o cinema é uma arte coletiva por excelência, mas é o diretor que é o responsável por unir todos esses profissionais.
Mas clamar por coerência não impede que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas separe os dois prêmios. E como é o que temos, vamos falar um pouco sobre como estão as chances de cada diretor.
Primeiro, os indicados:
Woody Allen - "Meia Noite em Paris"
Michael Hazavicius - "O Artista"
Alexander Payne - "Os Descendentes"
Martin Scorsese - "A Invenção de Hugo Cabret"
Terrence Malick - "A Árvore da Vida".
A verdade é que se tem alguém que está fora do páreo, é Woody Allen. Eu sei que ele fez um filme extramamente simpático, mas “Meia Noite em Paris” não chega nem a ser o melhor dele nos últimos dez anos (“Match Point” o é). Além disso, Allen já foi indicado sete outras vezes, tendo ganhado apenas por “Annie Hall”.
Terrence Malick vem recém-consagrado, tendo ganho a Palma de Ouro em Cannes, mas isso não garante nada, especialmente com dois nomes como Alexanter Payne e Martin Scorsese pela frente. Como trabalho, tendo criado um galpão para servir de locação, experimentando a força da narrativa em 3D pela primeira vez e trabalhando com crianças, Scorsese merece mais o prêmio do que os outros dois que ‘apenas’ tiveram que deixar George Clooney ser charmoso e Brad Pitt ser profundo (o que não diminui seus respectivos trabalhos).
O cavalo paraguaio, para Scorsese, é Michael Hazavicius, com seu pequeno e belo filme mudo sobre o cinema. Se Scorsese é o veterano que abraça as mudanças, Hazavicius é o novato que se preocupa com elas e nos faz lembrar do que se perdeu com o ‘progresso’ cinematográfico. Filosoficamente, a academia está com Hazanavicius, o que é uma pena considerando a qualidade de “A Invenção de Hugo Cabret”.
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