sexta-feira, 16 de março de 2012

"Guerra é Guerra" desagrada ao querer agradar a todos



Aos homens, um aviso: “Guerra é Guerra” pode até querer se passar por um filme de ação com pitadas de comédia romântica, mas é o contrário direto: uma comédia romântica, das mais ou menos, com uma ou outra cena de ação, das mais ou menos. O resultado, ao invés de conseguir o complexo efeito de agradar tantos homens e mulheres, mais desagrada ambos. Mas quando você vê que é um filme de McG, até que era para se surpreender tanto.

Na história, FDR (Chris Pine) e Tuck (Tom Hardy) são dois dos melhores espiões dos EUA. Também são os melhores amigos do mundo. Tudo vai bem até que, meio por acidente, eles se interessam pela mesma mulher, a especialista em qualidade de produtos Lauren (Reese Wintherspoon). E, ao mesmo tempo em que eles resolvem que vão levar na boa e ‘que vença o melhor’. Claro que não vai ser assim e eles começam a usar toda a aparelhagem da agência de espionagem em benefício próprio.
Dizer que é um desperdício completo de película é injusto. Há alguns bons momentos, tanto na espionagem, quanto na sabotagem a que eles se submetem. Ajuda um bocado o carisma dos três, especialmente o de Hardy, que dá a impressão de ter tirado umas merecidas férias neste filme, depois de tantos papéis densos e desafiadores, como em “A Origem”, “Guerreiro” e “O Espião que Sabia Demais”, além de ter partido, depois, para viver o Bane, vilão do próximo “Batman”. Além disso tudo, de longe, ele é o que mais pareceu se divertir durante as filmagens.

O problema é que os bons momentos não aliviam todos os buracos do roteiro e, especialmente, o anticlímax, que é o embate entre os dois espiões. Para um filme que tem "guerra" no título, o mínimo que se esperaria (ao menos pelo lado masculino da plateia) é meia Los Angeles destruída. Mas aí a gente lembra que é uma comédia romântica justamente porque a maior parte do confronto entre os espiões é marcada por imagens de Wintherspoon se maquiando no banheiro e fazendo biquinho.

Ao invés de conseguir o bom balanço entre a comédia romântica e as cenas de ação, feito que “Sr. e Sra Smith” mostrou não ser impossível (ainda que “Encontro Explosivo” e “Par Perfeito” tenham provado não ser fácil), o foco exagerado no romance torna tudo uma sucessão meio desagradável de clichês. A saber: casal se aproxima, um dos dois tem um segredo, o segredo é descoberto e eles enfrentam uma crise, mas o amor resolve.

O que é outro problema do filme. Claro, não dá para esperar menos de uma diversão escapista e breve. Mas em um mundo que viu as comédias de Judd Apatow, que faz graça com perdedores, com a nova noção de família (não necessariamente estruturada em pai, mãe e filhos), a resolução para o problema surge por demais conservadora. Isso para nem falar que é previsível, pecado ainda maior para um filme.
O conservadorismo direitista está mais do que assumido. Em determinado momento é falado até no Ato Patriótico como justificativa para a invasão de privacidade sofrida por Lauren. Isso e a valorização da família (em termos de papai, mamãe, filhinho e filhinha), fazem do filme uma bela propaganda da ala conservadora dos EUA. Nenhum problema nisso se você concorda com essas ideias. Mas ver isso colocado em subtexto, parece manipulativo demais.

http://www.pop.com.br/mundopop/noticias/cinema/658995-Guerra-e-Guerra-desagrada-ao-querer-agradar-a-todos.html

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