Por onde anda Vinícius Cantuária,
autor do hit 'Só Você'
“Demorei muito pra te encontrar, agora eu quero só você...”. Pouca gente pode falar que nunca ouviu a música “Só Você”, seja na voz de Fábio Jr. ou na do autor da canção, o cantor, compositor e instrumentista Vinícius Cantuária, que na verdade, não foi nem um pouco difícil de ser encontrado.
Entre outras canções que ficaram muito conhecidas está também “Lua e Estrela”, gravada por Caetano Veloso no início dos anos 80, época em que a música era pura criatividade.
“Foi o passaporte para a minha carreira de compositor e solista”.
No início
Desse tempo, Cantuária guarda muitas lembranças. “Era uma época muito criativa, onde estava tudo no início. Foi quando o Arnaldo Brandão apareceu na minha vida e me apresentou aos caras que, na época, também estavam começando, entre eles o Jorge Mautner, o Luis Melodia, e as coisas se abriram para mim”, relembra.
Na bagagem, acumula trabalhos com Marcos Valle, Muri Costa, João Donato, Paulo Braga, Jamil Joanes, Antonio Adolfo, Ricardo Silveira, Chico Batera. Mas o grande sucesso foi mesmo a música “Só Você”, do disco “Sutis Diferenças” (1985), que traz a participação de Caetano Veloso e Chico Buarque.
“A música estourou de modo incontrolável”, relembra Vinicius, que com o hit passou a ser um artista nacionalmente conhecido. “O que por um lado foi muito bom, mas por outro me limitava, pois sucesso é algo muito difícil de controlar e eu sinto que desviei um pouco da minha direção”, diz ele, que entrega: a música foi feita para uma pessoa que ele conheceu, uma paixao, e tudo o que diz a letra é verdade.
Fuga para o Tio Sam
Segundo o cantor, nessa época ele sentiu que foi um pouco menos do que podia ser como artista e acabou “fugindo”, indo morar nos Estados Unidos. “Finalmente tenho meu trabalho reconhecido e fico muito feliz, pois batalhei muito para isso”, diz o cantor.
E quem pensa que Vinicius é desconhecido do público norte-americano se engana. “Nos EUA a na Europa a mídia especializada me chama de inovador, novo isso, novo aquilo, mas o que faço é preservar o que de melhor existe na música brasileira. Pena que aí não chega muito, mas quem sabe um dia não rola?”.
Hoje, Cantuária continua preservando o puro som brasileiro que tira do violão e
e une sua música à de outros nomes como Sakamoto, Brian Eno, Arto Lindsay, Naná Vasconcelos, Laurie Anderson, Bill Frisell, Brad Mahldau, David Byrne, Jonh Zorne entre tantos outros.
Sobre o sucesso da música brasileira no exterior, ele tem uma resposta. “A música e os músicos brasileiros são de uma criatividade sem limite, e o europeu, americano, japonês e outros reconhecem e dão o valor real. Isso explica o grande movimento e sucesso da música e do futebol, os grandes divulgadores de um Brasil que a cada dia está mais na moda por todo o mundo”.
No ano em que a bossa nova completa 50 anos, é curioso que Vinícius seja convidado para shows do gênero no exterior, como na Austrália, e não seja lembrado nas comemorações brasileiras. No entanto, o pouco reconhecimento do público brasileiro está longe de ser um problema para o cantor.
“Sou um artista totalmente fora da mídia aí no Brasil, as pessoas não têm nem idéia do que faço", reclama. "Isso, de certa maneira, me incomoda, mas o que me deixa cheio de alegria são as centenas de emails que recebo de pessoas que estão com saudades de mim e da minha música. E algumas também estão começando a perceber que estou fazendo uma carreira aqui e isso me deixa muito feliz".
Mesmo assim, do passado ele não tem tanta saudade. “Acho que o grande lance é viver o presente e ter lembranças do passado, pois afinal uma coisa não existe sem a outra, o tempo não volta e eu não gostaria de voltar também”.
À espera de um convite
Vinícius não tem vindo com tanta freqüência ao Brasil. “Tenho uma casa ai no Rio, na Gávea, e volto sempre para rever os amigos, bater uma bolinha, ver o Botafogo que é a minha grande paixão. Mas, para trabalhar mesmo só uma vez nesses quase 15 anos morando fora, num concerto que tinha a querida Cássia Eller, o Arto Lindsay e o Nação Zumbi. Foi muito legal. Adoraria poder tocar mais vezes no Brasil. Estou esperando que uma hora isso vá rolar e aí tudo vai ser lindo”.
Cantuária define seu som como “uma mistura de sons, ritmos, ideias”. Os inúmeros encontros e intercâmbios artísticos ao longo da carreira ampliaram a visão musical do artista, ainda que ele sempre tenha mantido suas raízes brasileiras como eixo.
“Sou influenciado e influencio muitos músicos. Mas toda a intenção da minha música passa pelo Brasil. Como moro em Nova York, que é o centro da mistura mundial, minha música nesse momento é muito livre, e como resultado dessa liberdade ela passa por muitos caminhos: jazz, samba, bolero, pop e muito mais”, enumera.
Discografia
- 2012 - Índio de Apartamento - (E1 Music/Naive)
- 2011 - Lágrimas Mexicanas - (E1 Music/Naive)
- 2009 - Samba Carioca - (Naive)
- 2007 - Cymbals - (Naive)
- 2005 - Silva - (Hannibal/Rykodisc)
- 2004 - Horse and Fish - (Bar None/Rykodisc)
- 2003 - Live: Skirball Center - (Kufala)
- 2001 - Vinícius - (Transparent Music)
- 1999 - Tucumã - (Verve/Polygram)
- 1998 - Amor Brasileiro - (For Life - apenas no Japão)
- 1996 - Sol Na Cara - (For Life/Gramavision)
- 1993 - Tigres de Bengala - (com Ritchie e Cláudio Zoli)
- 1991 - Rio Negro - (Chorus/Som Livre)
- 1986 - Nu Brazil - (EMI/Brazil)
- 1985 - Siga-me - (EMI/Brazil)
- 1984 - Sutis Diferenças - (EMI/Brazil)
- 1983 - Gávea de Manhã - (BMG/Ariola)
- 1982 - Vinícius Cantuária - (BMG/Ariola)
http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL775379-9798,00-POR+ONDE+ANDA+VINICIUS+CANTUARIA+AUTOR+DO+HIT+SO+VOCE.html
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